investigação

Preso por suspeita de estelionato, estudante da UFSM deixa a prisão

João Pedro Lamas

Foto: Marcello Casal Jr (Agência Brasil)

Um estudante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) de 22 anos, preso no último dia 4 por suspeita do crime de estelionato, deixou a Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm) na noite de quinta-feira, por volta das 21h. Ele é um dos cinco presos durante a Operação Singular, que foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) no último dia 4 e investigava um grupo suspeito de fraudes bancárias eletrônicas no Brasil - com o furto de dados de cartões de crédito para revenda.

A PF descobriu, durante investigação, um grupo no Telegram chamado "KC - Carding Brasil" (atualmente "Distrito Singular PT-BR") dedicado à prática de fraudes bancárias e cibernéticas.

Nele, teria sido feita a divulgação do site "Singularity Store". A criação dele é atribuída ao usuário "Thanos Pescarias - (Singular)", que estava no grupo. Daí o nome da operação. O portal comercializaria informações de cartões de crédito, emitidos em diversos bancos, que tinham sido capturados de maneira ilícita. Com esses dados, era possível fazer compras online.

A PF, com o consentimento do Ministério Público Federal (MPF), pediu à Justiça o afastamento de sigilo de dados dos nicknames de 11 administradores do grupo e 10 vendedores.

Durante a investigação, foi identificado que um dos hackers da quadrilha invadiu o sistema informático de uma grande empresa responsável pela elaboração de concursos e cobrava valores em criptomoedas para aprovar candidatos que conseguissem chegar à segunda fase dos certames. Um desses concursos seria o da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 

PF desarticula grupo responsável por fraudes bancárias na internet

Após meses de trabalho investigativo, a PF solicitou à Justiça a permissão para cumprir mandados de busca e apreensão, além de prisão preventiva, nos endereços onde os suspeitos estariam. Cinco de busca e apreensão e cinco de prisão preventiva foram cumpridos nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará.

LIBERDADE

O advogado que defende o estudante, Bruno Seligman de Menezes, alegou à Justiça que havia garantias que tornavam desnecessária a manutenção da prisão preventiva.

A preocupação do judiciário era que ele pudesse pôr em risco a "instrução criminal". No entanto, Menezes alegou que a PF, durante a operação, apreendeu computadores e equipamentos de informática do seu cliente, o que lhe impediria de fazer qualquer coisa nesse sentido, como destruir provas.

- Ainda, ele é jovem, não tem antecedentes criminais, tem endereço fixo, está matriculado no ensino superior de universidade pública e não pretende fugir - relata Menezes.

Além disso, ele diz que a investigação não reuniu elementos que comprovariam associação criminosa.

- A suspeita não se confirma. E ainda é cedo para construir um panorama geral - afirma Menezes.

O Judiciário determinou restrições a ele, como comparecimento mensal junto ao fórum; foi proibido de entrar em contato com os outros suspeitos; de deixar a cidade por mais de oito dias; não pode deixar o país; e pagar uma fiança no valor de 10 salários mínimos, cerca de R$ 10 mil.

PENAS

O crime de formação de organização criminosa prevê pena de 3 a 8 anos de reclusão. Já o furto de cartões de crédito prevê de 2 a 8 anos de prisão. Por fim, o crime de invasão de dispositivo informático, pena de 1 a 4 anos.

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